terça-feira, 10 de agosto de 2010

Xirê dos Orixás

Ogum

Oxóssi

Oxum

Um pouco de nossa Nação...




Uma das características do povo de Angola importantes é a língua, o kimbundo e o kicongo, que emprestam muitas palavras ao Português.
Às referências dos Jinkisi/Akixi e algumas referências aos Orixás yorubás mais conhecidos, entendamos estas semelhanças como caminhos, e não como individualidades.
No Brasil os cultos que prevalecem nos candomblés Angola, Congo (com algumas variações de casa para casa ou de família para família de culto).
Pambu Njila - Nkosi - Katendê - Mutakalambô - Nsumbu - Kindembu - Nzazi - Hongolo - Matamba - Ndanda Lunda - Nkaia - Nzumbá - Nkasuté Lembá – Lembarenganga

Os mais velhos trouxeram cantigas, rezas, tudo em Kimbundo e Kikongo (algumas também em Umbundo e outros dialetos). Muita coisa se perdeu, até mesmo por haver a associação com as tradições Jeje nagô, que foi em última instância prejudicial para as tradições bantu. Não que estas sejam mais certas ou mais erradas, mas que cada tradição deve ser mantida e respeitada, pois faz parte da história da própria humanidade, de como nos organizamos, como desenvolvemos outros falares, de como nos organizamos como sociedade, etc. e, ao que parece, tínhamos um culto primitivo comum que com as distâncias das eras e também geográficas foi se modificando e incorporando novos elementos.

Acima de tudo está Nzambi Mpungu (um dos seus títulos) Deus criador de todas as coisas. Alguns povos bantu chamam Deus de Sukula outros de Kalunga e outros nomes ainda associam-se a estes.
O Culto a Nzambi não tem forma nem altar próprio. Só em situações extremas eles rezam e invocam Nzambi, geralmente fora das aldeias, em beira de rios, embaixo de árvores, ao redor de fogueiras.
Não tem representação física, pois os Bantu o concebe como o incriado, e que representá-lo seria um sacrilégio, uma vez que Ele não tem forma.
No final de todo ritual Nzambi é louvado, pois Nzambi é o princípio e o fim de tudo.


Os Nkises Angolanos



Aluvaiá, Bombojira, Vangira (feminino), Pambu Njila




É o Nkise responsável pela comunicação entre as divindades e os homens. Está nas ruas, é a este Nkise que pertencem as "bu dibidika jinjila" (encruzilhadas). Falarei sobre o Nkisi/Mukixi Pambu Njila, não de raças ou qualidades, pois na culto e tradição Bantu, que se difere do culto Nagô Yorubá, não temos raças nem qualidades e sim Divindades (Mahamba) específicas, únicas e independentes, cada qual ocupando seu próprio caminho na natureza e também no universo.


Nossos Minkisi (plural de Nkisi– origem Kongo) e nossos Jinkisi (plural de Mukixi– origem Angola) em África Bantu, eram cultuados e ainda continuam sendo em algumas poucas regiões africanas separadamente, cada Divindade é cultuada e adorada em sua própria tribo e região, não sendo cultuado, mais que uma Divindade em cada aldeia, tribo ou comunidade!

Apesar de todas as Divindades pertencerem ao grande conjunto dos povos Bantu, (PANTEÃO BANTU) as diferenças existem e são mantidas aqui no Brasil, pois devemos saber que temos Divindades de origem Kongo (Nkisi - Minkisi) e Divindades de origem Ngola (Mukixi - Jinkisi), que fazem parte do mesmo conjunto, porém diferenças existem no nome da Divindade, na língua e no culto!

Por vários fatores, o culto e tradição religiosa das Divindades de origem Afro Bantu, tiveram seus cultos mudados em nosso país, pois aqui cultuamos em uma única casa (INZO) diversas Divindades, ou seja, Divindades que eram únicas e absolutas em suas tribos. Hoje no Brasil, dividem uma mesma casa (TRIBO) com várias outras Divindades, e com isso, criamos aqui o que muitos chamam de “CLÔ familiar... Divindades parecidas, porém diferentes, que possuem caminhos no universo e natureza com algumas semelhanças, passaram a ser cultuadas em um mesmo espaço, formando assim, uma espécie de grupo familiar.

Darei um exemplo mais comum de Divindades semelhantes: Tauami, Ngunzu, Kabila, Mutalambo, Mutakalombo, Kongobila e outras....... apenas Divindades parecidas, mas não iguais, que são cultuadas na mesma Ndanji (RAIZ) na mesma casa (Inzo) e também no mesmo “quarto”, onde Divindades de origem Kongo se misturam com Divindades de origem Ngola, mantendo o laço por pertencerem ao grande conjunto de tribos e povos Bantu (PANTEÃO BANTU).

Voltando a Divindade PAMBU NJILA, essa Hamba masculina da cultura Bantu, é comparada por muitos, ao Orisá Esú dos povos Nagô/Yorubá.

O elemento de Pambu Njila é o fogo (Tubia), Nkisi/Mukixi que conhece todos os atalhos, todos os caminhos e está com seu filho em todos os lugares que ele possa ir, pois não há portas fechadas para essa Divindade.

Esse Nkisi/Mukixi está ligado diretamente à caminhos, estradas, fronteiras, ruas, vielas, becos, encruzilhadas, atalhos, subidas, decidas, enfim, essa Divindade está em todos os movimentos de ligação, de ir e vir, de mudanças, novos rumos, recomeços e etc.

É o senhor dos caminhos (NGANA PAMBU NJILA), tendo muita importância nos rumos que escolhemos para nossa vida!

Ele é o intermediário entre os seres humanos e os outros Minkisi/Jinkisi de nossas nações religiosas. Na língua KIMBUNDU, a palavra "PAMBU" tem o significado de encruzilhada, atalho, fronteira e a palavra "NJILA" significa caminho, estrada.

A encruzilhada para os nativos Bantu, possui sentidos mágicos, representa o centro do universo, onde a mesma retém grande força energética. A encruzilhada é a cruz dos povos Bantu, simbolizando vários caminhos, diversos sentidos, indo e vindo, ligando o Bantu à diversas escolhas e dando novas oportunidades de vida, através de novos caminhos...

Pambu Njila é e sempre será o primeiro à ser louvado e homenageado. Ele come, bebe e recebe homenagens e louvações primeiro que qualquer outro Nkisi/Mukixi, pois é ele quem guarda (kanzenzu) a porta da casa (inzo) de Ngola ou kongo Ngola e também tem a função de avisar as outras Divindades da cultura Bantu, que as cerimônias religiosas terão seu início.

Essas Divindades masculinas têm seus assentamentos (kuxikama/kunda) nas portas de entrada dos templos de Ngola e kongo Ngola, para que justamente guardem, zelem e vejam todos que entram para o ritual de candomblé...

Sobre os colares (masanga) ritualísticos desse Nkisi ou Mukixi,normalmente usamos as cores vermelho e preto fosco, mas essas cores são oriundas de misturas entre culturas de nações diferentes que ocorreram aqui no Brasil, essa questão hoje, se difere de raiz para raiz.

Em África Bantu, existem registros que a cor que simbolizava a Divindade Pambu Njila era o cinza , mas existe grande dificuldade de encontrar missangas (masanga) nessa tonalidade no Brasil. Também é usado para esse Nkisi/Mukixi, o vermelho cristalizado e o branco transparente (água). Essas cores simbolizam os opostos, sendo: vermelho, o fogo e o branco transparente, a água (mas essas questões sobre cores que menciono, não são de costume e tradição no Brasil).

Essa Divindade masculina, atua na musculatura e no tônus muscular, na potência e vigor do físico .


Filiação: Nkaia e Lembarenganga
Cores: vermelho e preto
Símbolo: Ogó,tridente
Domínio: ruas e encruzilhadas
Saudação: Kiuá Luvaiá Ngananzila Kiuá (Viva Aluvaiá, Senhor dos Caminhos)
Dia: segunda-feira
Frutas: todas, exceto banana
Flor: palmas vermelhas
Comidas: farofas, pinga e pipoca
Pedra: turmalina negra
Mineral: carvão e carbureto


Nkosi Mukumbe, Roxi Mukumbe





É o Nkise da guerra, das estradas. É a ele que se fazem oferendas com o fim de obter abertura de caminhos. Nkisi Nkosi, Divindade Bantu de origem Kongo, é comparado erroneamente ao Orisá Ogum dos Nagô Yorubá.


Nkosi =Leão - na língua kikongo dos povos Bakongo (plural de Kongo).

Divindade (Hamba) com seus campos de atuação no universo ligados a agricultura, pastorear animais, a estradas e caminhos, no sentido de abrir, andar para frente, ir em frente.

No culto e tradição religioso dos povos Bantu, nossas Divindades são únicas e independentes, não existindo raças e nem qualidades, por isso temos Divindades ligadas as situações sitadas acima (agricultura, pastorear, caminhos ....) cada uma ocupando seu espaço individual na natureza...

Nkosi....Aquele que guerreia por nós! Na língua Kimbundu (dos Angolanos) essa Divindade é chamada de Mukixi/Mukisi (plural - Jinkisi) é conhecida e cultuada com o nome de "Hoxi ou Hoji", que também significa "Leão".

Hoxi Mukumbi é conhecido em África Bantu pelos nativos Angolanos como, " o leão devorador de almas".... Divindade temida por muitos nativos Angolanos!

No culto de origem Bantu, quando um filho (mona) é kundula (confirmado) para o cargo de kambondu e recebe o título de Tata Pokó (pai da faca) e sua cabeça (mutuê) pertencer à Nkosi ou Hoxi, dependendo da raiz, ele realmente fará jus ao seu título, será uma referência na inzo (casa) à qual pertence, pois Nkosi é o dono das armas de corte como: faca, facão, foice, tesoura, punhal, navalha e etc...

Nas jinzo (casas) religiosas das nações Angola e Kongo Angola, a casa (inzo) de Nkosi ou de Hoxi, onde se cultuam seus assentamentos (kuxikama/kunda), é exclusiva para ele, uma vez que ele não admite dividir sua casa com outras Divindades!

O campo de atuação desse Nkisi/Mukisi no corpo físico e na natureza humana é o plexo solar, nos desejos, emoções e raciocínio.

Filiação: Nkaia e Lembarenganga
Cores: azul escuro
Símbolo: espada/lança
Domínio: ferro e bronze
Saudação: Luna Kubanga Mueto - Nkosi ê (Aquele que briga por nós - Nkosi ê)
Dia: terça-feira
Frutas: manga espada ou obi
Flor: palmas ou cravos vermelhos
Comidas: inhame, pipoca, feijão preto ou cerveja clara
Pedra: diamante e Lápis-Lazuli
Metal: ferro
Sincretismo: Santo Antônio, São Sebastião



Kabila, Mutalambô, Burungunzo



Nkise caçador, habita as florestas ou montanhas. É o responsável pela fartura, pela abundância de alimentos. Nkisi Ngunzu e Mutakalombo, falaremos sobre essas duas Divindades e não de outras Divindades semelhantes, pois as Divindades do panteão Bantu, diferem-se dos Orisá (Orixás) Nagô/Yorubá. Nossos Minkisi/Jinkisi não possuem raças nem qualidades, são únicos e independentes, como já foi dito na primeira postagem sobre Pambu Njila. Lá em África Bantu, nossas Divindades eram cultuadas e louvadas por região, cada tribo cultuava uma única Divindade. Aqui no Brasil, por necessidade, nossas Divindades passaram a ser cultuadas em uma única casa (INZO) e assim grupos familiares de Divindades parecidas, acabaram surgindo, pois foi necessário o culto das mesmas em uma mesma casa, em um mesmo espaço físico.


Nesse grupo de Divindades semelhantes, existem Divindades que caçam em terra, que caçam em água, que pescam, que pastoreiam animais, que estão ligadas a agricultura, no plantio e também na colheita, assim sendo, são atribuídos a esses Deuses, o poder sobre a fartura. São louvados e evocados para que a tribo seja abençoada, com a fartura dos alimentos e também da carne de caça. A manutenção dos alimentos da tribo são ligados ao poder dessas Divindades!

Cada uma dessas Divindades é única......Se diferem também em suas origens, pois temos Divindades oriundas do Kongo e outras Divindades oriundas de Ngola.

No caso da Hamba (Divindade) Ngunzu das tradições Bantu, essa Divindade é comparada em alguns aspectos ao Orisá Oxossi dos Nagô Yorubá -Ketu.


Ngunzu:

Engloba as energias dos caçadores de animais, pastores,criadores de gado e daqueles que vivem embrenhados nas profundezas das matas, dominando as partes onde o sol nãopenetra.

Kabila:
O caçador pastor. O que cuida dos rebanhos da floresta.

Mutalambô, Lambaranguange:
Caçador, vive em florestas e montanhas, Nkisi de comida abundante.

Gongobira ou Gongobila:
Caçador jovem e pescador.

Mutakalambô:
Tem o domínio das partes mais profundas e densas das florestas, onde o Sol não alcança o solo por não penetrar pela copa das árvores.


Por ser uma Divindade caçadora (Mukongo), abastece com fartura de carnes o povo de sua tribo.... "o mukongo (caçador) que se alimenta da própria Mutakalomba/Xitu (carne de caça)".

Os nativos bantu que tinham Ngunzu como seu Deus, antes de saírem para tentarem a sorte nas florestas em busca da caça, faziam louvações e ofertas a essa Divindade para que suas empreitadas nas florestas fossem coroadas de êxito, e assim sendo poderiam abastecer toda tribo em abundância.

Mahamba (Divindades) que habitam as florestas (Nfinda) e montanhas (Mulundu)....

Divindades conhecidas entre os nativos Bantu, como os SENHORES DA ESCURIDÃO, pois seus reinos ficam no interior das densas florestas, onde, devido a intensa vegetação e árvores gigantescas, os raios do sol não penetram.

Divindade Uarimuka (hábil/astuto). Quando toma seu filho em possessão, sua mukini (dança - bailado) se dá a impressão que está em plena caça na floresta.

Ngunzu está ligado a força dos caçadores e da caça, para a subsistência através da alimentação, das comunidades Bantu.

Divindade que atua na base da espinha, é nela que se situa a parte do equilíbrio.

Filiação: Nkaia e Lembarenganga
Cores: verde para Mutalambô, Kabila e Burungunzo, e verde, azul e amarelo para Gongobira
Símbolo: arco e flecha
Domínio: Matas
Saudação: Kabila Duilu - Kabila (Caçador dos Céus - Kabila)
Dia: quinta-feira
Frutas: todas as frutas doces e obi
Flor: flores do campo
Comidas: milho cozido com pedados de coco (axoxô), feijão fradinho, espigas de milho verde, vinho moscatel
Pedra: esmeralda e Turquesa
Metal: bronze
Sincretismo: São Jorge

Gongobira



É um jovem caçador que obtém seu sustento ora através da caça, ora através da pesca. Suas características são as mesmas das dos caçadores ( Kabila, Mutalambô, Lambaranguange) unidas as características dos Nkises da água doce ( Kisimbe, Samba).

Filiação: Mutalambô,e Dandalunda.
Cores: azul claro e amarelo ouro e verde
Símbolo: cavalo marinho ou arco e flecha ou leque
Domínio: cachoeiras e matas
Saudação: Mutoni Kamona Gongobira - Muanza ê (Pescador Menino Gongobira - Rio ê)
Dia: quinta-feira
Frutas: banana prata, obi ou frutas doces
Flor: palmas ou rosas amarelas
Comidas: milho cozido com côco (axoxô) ou feijão fradinho, camarão e cebola (omolocum)
Pedra: topázio e turquesa
Metal: ouro
Sincretismo: Santo Expedito

Katendê



Nkise dono dos segredos das " nsabas" ( folhas, ervas orixá das folhas, da curas pelas ervas medicinais. Deve ser invocado para purificação e solucionar problemas de saúde, ligado às florestas e agricultura.
Katende (Ka = pequeno - Tende = lagarto - Pequeno Lagarto)...


Essa Divindade se assemelha em alguns aspectos com o Orisá Ossayn da cultura Nagô Yorubá, apesar dessa semelhança ser equivocada!

Essa comparação surgiu aqui no Brasil e é feita por nossos próprios adeptos e por pessoas de outras culturas religiosas!

Os cultos de origem Bantu, sempre tiveram o costume e a tradição de serem muito fechados, sendo assim, a falta de conhecimento fez com que essa Divindade fosse tida como o senhor das folhas sagradas e comparada ao Orisá Ossayn dos Yorubá.

A Divindade responsalvel pelas folhas, plantas e ervas sagradas, pela manipulação e segredos das mesmas é outro, porém como disse acima, nosso culto é fechado e esse é um de nossos segredos!

O Nkisi Katende é o protetor dos animais das florestas, principalmente os de pequeno porte e também os répteis.

Essa Divindade dos povos Bantu, das nações Ngola e Kongo Ngola, tem grande importância para a fauna do planeta e também na proteção e manutenção dos animais selvagens das florestas.

Divindade do retiro, vive isolado de tudo e todos, bem no interior das matas e florestas, também é conhecido como a Divindade protetora dos jacarés.

Possui o poder absoluto sobre os animais selvagens!

Esse Nkisi atua nos caminhos da saúde física e mental do ser humano.
Filiação: Nkaia e Lembarenganga
Cores: verde e branco
Símbolo: Elemento de três pontas com um pássaro no centro
Domínio: Cura
Saudação: Kisaba kiasambuká - Katendê (Folha Sagrada - Katendê)
Dia: quinta-feira
Frutas: obi
Flor: cróton
Comidas: farofa com fumo e mel
Pedra: esmeralda e turmalina
Metal: estanho
Sincretismo: São Benedito

Kitembo ou Tempo





É o responsável pelo tempo de forma geral, e especificamente, pelas mudanças climáticas (como chuva, sol, vento etc), portanto, atribuído a ele, o domínio sobre as estações do ano.

É representado, nas casas Angola e Congo, por um mastro com uma bandeira branca. Usa cores fortes, como: vermelho, azul, verde, marron e branco. Sua saudação: Nzara Kitembo - Kitembo Io (Glória Kitembo - Kitembo do Tempo).

Tempo ou kitembo é um Nkise da nação de Angola, é o dono da bandeira de Angola, que podemos ver em qualquer casa de Candomblé, perto do assentamento de Tempo, uma grande vara com uma bandeira branca no topo.

Tempo é o Nkise senhor das estações do ano, regente das mutações climáticas. Ainda, é considerado o Pai da Maionga, que é o banho usado pelos seguidores e iniciados da Nação de Angola, tendo sua maior vibração justamente ao ar livre, ou seja, no tempo. É exatamente ali, no tempo, que este banho feito de ervas, água do mar, de cachoeira, de rio, chuva e outros elementares vai consagrar através de tempo este iniciado.

Tempo está associado à escala do crescimento, por isso sua ferramenta é uma escada com uma lança voltada para cima, em referência ao próprio tempo.
A palavra Kitembu ou Ntembu pode ser traduzida como VENTO, por este motivo a Divindade que recebe este nome está diretamente ligada às mudanças climáticas, portanto o título de TATA NZARA (Pai dos Climas).


Esta Hamba também é conhecida em algumas regiões de língua Kimbundu pelo nome de ABANGANGA, APANAGANGA, MAVULU, MAVUNGU, NZALÚ, SANGOLE, assim como em regiões do Kongo recebe nomes como MPEVELU, MPEMO, LUVEVUMUKU, MUELA, etc....

Segundo os povos de línguas Kimbundu, essa Divindade está ligada ao cultivo de inúmeras plantações, proporcionando condições favoráveis para a semeadura e colheita.

Age influenciando nas direções dos ventos, nas marés, no controle das chuvas, nas mudanças climáticas, em especial nas abruptas, de modo que os plantios são sempre feitos após consultar essa Divindade, que de certo modo atua na subsistência alimentar tribal, razão pela qual muitos lhe atribuem o nobre títulos de Rei da Mbutu (nação) Ngolo/Kongo.

É a Divindade da vida, do crescimento e da evolução.

O Nkisi Kitembu é o grande pai dos povos bantu, é homenageado em todas as Jinzo (casas) de cultura Kongo/Ngola Bantu, com um mastro bem alto, com uma bandeira branca na ponta, simbolizando a Mpemba, que quando balança como o vento, indica a direção que os povos bantu devem seguir, Kitembu atua sobre as funções digestivas e respiratórias dos seres humanos.

Segundo conceitos bantu, essa Divindade rege as quatro estações do ano:



VERÃO..............NTEMBU MURUNGANGA

OUTONO..........NTEMBU APANANGA

INVERNO.........NTEMBU MAUÍLA

PRIMAVERA....NTEMBU MUÍLU
Este Nkise rege as estações do ano e está ligado ao frio, ao calor, a seca, as tempestades, ao ambiente pesado e ao ambiente agradável.

Conta uma lenda da Nação de Angola, que Tempo era um homem muito agitado que fazia e resolvia muitas coisas ao mesmo tempo. Entretanto, este homem vivia reclamando e cobrando de Zambi que o dia era muito pequeno para fazer e resolver tudo que quisesse. Um dia, Zambi lhe disse: “Eu errei em sua criação, pois você é muito apressado.” Ele então respondeu a Zambi: “Não tenho culpa se o dia é pequeno e as horas miúdas, não dando tempo para realizar tudo que planejo”. A partir desse momento, Zambi então determinou que esse homem passa-se a controlar o tempo. Tendo domínio sobre os elementares e movimentos da natureza. Assim nasceu o Nkise Tempo.

E, na terra, o povo clama o seu Inkice entoando a cantiga:
“ E Tempo Zará... e Tempo Zará Tempo ô!
E Tempo para trabalhar...
“ E Tempo Zará... e Tempo Zará Tempo ô!
E Tempo para comer...
“ E Tempo Zará... e Tempo Zará Tempo ô!
E Tempo para beber...
“ E Tempo Zará... e Tempo Zará Tempo ô!E Tempo para viver...”



Kaviungo ou Kavungo, Kafungê e Kingongo




É o Nkise responsável pela saúde, estando intimamente ligado a morte. Divindade (Hamba) considerada o Deus da terra entre os povos de origem Ngola/Kongo!


Tradução da palavra Kavungu = Mistérios.

Ngana Kia Kavungu (Senhor dos Mistérios).

Essa Divindade dos povos bantu, se assemelha em alguns aspectos com o Orisá Obaluwayê/Omolu dos Nagô Yorubá.

Nkisi ligado aos tubérculos (raízes comestíveis) e aos cereais, razão pela qual também recebe o título de Nsumbu (Grande Senhor da Terra), devido sua importância perante a comunidade, tendo ainda sobre seu domínio muitas folhas comestíveis.

Esta Divindade está intimamente relacionada com os processos das epidemias, segundo conceitos Bantu, entretanto, também está sob seus domínios a cura para estes males, atuando como um verdadeiro médico (Kimbanda, Musaki, Ndongixi).

Recebe nomes que se diferenciam de uma região para outra, como: Malaizo, Kaviundeme, Ndunda, Kinkongo, Kaviungu e outros.


Kaviungo ou Kavungo, Kafungê ou Kafunjê, Kingongo:
Nkisi davaríola, das doenças de pele, da saúde e da morte.

Nsumbu:
Senhor da terra, também chamado de Ntoto pelo povo deKongo.


Muitas pessoas entendem esse Nkisi como disseminador de doenças, tanto endêmicas como epidêmicas, tendo o poder de quando corretamente evocado de saná-las, age também interferindo positiva ou negativamente nas doenças da pele e dos ossos e nas emanações do corpo físico como morbidez, dores e outros males como a varíola, catapora, sarampo, sendo que muito de suas ervas sagradas atuam nas curas destes males.

Manifesta-se diretamente no baço e atua sobre os ossos dos seres humanos.


Filiação: Zumbaranda e Lembarenganga
Cores: usa preto, vermelho, branco e marrom
Símbolo: xaxará (espécie de vassoura com que varre as energias negativas)
Domínio: doenças
Saudação: Tateto Mateba Sakula Oiza - Dixibe (O Pai da Ráfia Está Chegando - Silêncio)
Dia: segunda-feira
Frutas: orogbo, romã
Flor: flor de bananeira
Comidas: pipoca regada com mel e pedaços de côco, macundê (feijão temperado com cebola, dendê e camarão sec)
Pedra: ônix e turmalina negra
Metal: chumbo
Sincretismo: São Lázaro

Zaze, Luango





Nkise responsável pela distribuição da Justiça entre os homens. Suas cores são: vermelho e branco, sua saudação: A Ku Menekene Usoba Nzaji - Nzaze (Salve o Rei dos Raios - Grande Raio)
NKISI NZÁZI (O SENHOR DOS RAIOS)


Seu nome se origina da palavra Nzaji, que quer dizer raio, razão pela qual essa Divindade está associada ao fogo, bem como intimamente ligada aos trovões, raios e as pedras segmentadas formadas pelo choque causado pelas descargas elétricas naturais, ao tocarem o solo.

O Nkisi Nzazi, se assemelha em alguns aspectos, com o Orisá Xangô, dos Nagôs.

Ainda dentro das idéias religiosas Afro Bantu, quando em uma aldeia uma casa é atingida por um raio, a família é banida da comunidade, pois acreditam que tal fato ocorreu devido à erros graves cometidos por aquelas pessoas.

Também é atribuída à essa Hamba (Divindade) o sentido da justiça, de modo à punir severamente os falsos, traidores e criminosos, muitas vezes até com a morte.

Esse Nkisi atua com ênfase no mundo psíquico dos seres humanos.


Filiação: Nkaia e Lembarenganga
Cores: vermelho e branco
Símbolo: machado de duas lâminas, chamado OXÉ, dado por MUKUMBE e na mão o XÈRE, que é feito de uma cabaça alongada com pequenos grãos de areia dentro, que ao ser agitada produz um ruído semelhante ao da chuva. Usa também uma bolsa de couro, ornada com búzios, que usa a tiracolo, guardando ali suas pedras de fogo, num total de 12, representando seus 12 ministros, que lança na terra durante as batalhas, durante as tempestades e contra seus inimigos nas batalhas. Usa ainda uma coroa ornada em búzios.
Domínio: pedreiras e trovão
Saudação: A Ku Menekene Usoba Nzaji - Nzaze (Salve o Rei dos Raios - Grande Raio)
Dia: quarta-feira
Fruta: maçã e jambo
Flor: malva cheirosa
Comidas: amalá
Pedra: edun ará
Metal: bronze
Sincretismo: São João, São Pedro e São Jerônimo


Angorô e Angoroméa



Assim como Njira, auxiliam na comunicação entre as divindades e os homens. São representados por uma cobra, sendo o primeiro ( Angorô ) masculino e o segundo ( Angoroméa ) feminino.
Representa a serpente sagrada dos céus, que é simbolizada pelo Hongolo (arco-íris), oriundo do Kimbundu (Angola) ou Nkongolo (arco-íris), oriundo do Kikongo, língua dos povos bakongo (plural de Kongo).


Se assemelha ao Orisá Osumaré dos Nagô Yorubá.

Segundo conceitos Bantu, essa Hamba (Divindade) está diretamente ligada ao equilíbrio do próprio planeta.

Ainda nos dias atuais, as serpentes despertam medo e curiosidade entre as pessoas, por isso que, essa Divindade está cercada de mistérios e ocultismos entre os povos afros Bantu, razão que além de ser muito respeitada é fortemente cultuada.

Apresenta um sentido andrógeno, sua dualidade se consiste nos princípios macho e fêmea, Ndála (masculino) e Indalá (feminino) e auto procriação, de modo a agir por esses princípios no domínio da sexualidade e da perpetuação das espécies. Atua sobre o emocional dos seres humanos e domina predominantemente as partes sexuais masculinas.


Filiação: Zumbarandá e Lembarenganga
Cores: verde e amarelo
Símbolo: Serpente
Domínio: arco-íris
Saudação: Nganá Kalabasa - Angorô Le (Senhor do Arco Íris - Angorô Hoje
Dia: terça-feira
Frutas: obi
Flor: palmas amarelas
Comidas: bolinhos de inhame cozidos recheados com mel, batata doce,formando duas cobras invertidas,entre outras
Pedra: ágata e safira
Metal: ouro
Elemento: céu e terra
Sincretismo: São Bartolomeu


Matamba, Bamburussema, Nunvurucemavula




Trata-se de um Nkise feminino, uma Nkisi amê. É guerreira e está intimamente ligada a morte, por conseguir dominar os mortos ( "Vumbe" ). Suas cores são o vermelho e o marrom avermelhado, sua saudação: Nenguá Mavanju - Kiuá Matamba (Senhora dos Ventos - Viva Matamba). Dentro dos cultos afro-bantu, em especial das nações Ngola/Kongo, essa HAMBA (Divindade) recebe na maioria das regiões onde tem seus cultos (MUSAMBU) a designação honorífica de MAM'ETU MUNJINDA, que quer dizer NOSSA MÃEZINHA DAS TEMPESTADES, em razão de estar implicitamente ligada aos fenômenos dos ventos ocasionados pelas grandes tempestades e durante as ocorrências destas fortes chuvas, há o surgimento dos relâmpagos que estão intrinsicamente associados ao NKISI TARIÁ NZAJI (PAI DOS RAIOS E TROVÕES - NZAZI), ainda nas regiões dos povos Bantu foi criado o LUSAMBU (MITO), da união entre estas duas importantes Divindades.


Realmente existe ligação, pois o campo de atuação desses Minkisi na divina natureza caminham juntos na atmosfera, ou seja o Nkisi Kaíango é a tempestade com seus ventos e a Divindade Nzazi, raios e trovões.

O Nkisi Kaíango em algumas regiões de língua Kikongo, também está associada aos Minkisi Nsumbu e Kavungu com forte ligação, pois Kaíango representa também o fogo das profundezas da terra, o fogo em brasa, larvas vulcânicas.

Essa Divindade tem para alguns povos de origem Bantu, o crédito de ter participação na criação do mundo, quando tudo era fogo em brasas e houve o resfriamento e a transformação para o estado sólido através dos ventos.

O Nkisi Kaíango, tem semelhanças com o Orisá Iansã dos Nagô/Yorubá.

Essa Divindade age de maneira incisiva nas cordas vocais dos seres humanos.

Nos cultos Ngola/Kongo as Divindades são evocadas e reverenciadas com saudações próprias das línguas faladas nas regiões onde acontecem seus cultos, portanto, KAÍANGO tem sua KUIXANA (o mesmo que oriki dos povos Yorubá/Nagô), com referência as suas funções dentro do culto e desta forma é saudada e evocada com a seguinte expressão: KIUÁ NENGUA SIAVANJU, KIUÁ KAÍANGO, que exprime (SALVE A GRANDE SENHORA DOS VENTOS DA MORTE, SALVE KAÍANGO)


Filiação: Nkaia e Lembarenganga
Cores: laranja,coral, cor-de-rosa, vermelho
Símbolo: espada ou eruêxim (chicote feito com rabo de cavalo)
Domínio: ventos, tempestades e fogo
Saudação: Nenguá Mavanju - Kiuá Matamba (Senhora dos Ventos - Viva Matamba)
Dia: quarta-feira
Frutas: manga rosa ou obi
Flor: rosas champanhe ou palmas vermelhas
Comidas: acarajé
Pedra: coral ou terracota
Metal: cobre
Sincretismo: Santa Bárbara


Kisimbi, Samba, Dandalunda





Nkise feminino, uma Nkisi amê, representa a fertilidade, é a grande mãe. Seu domínio é sobre as águas doces. Divindade ligada as tartarugas e peixes de águas doces, representa o encontro das águas entre dois rios, o que muitas vezes causa o fenômeno chamado de POROROCA.

Ndandalunda em algumas regiões Bantu de língua Kikongo, é conhecida por ter forte ligação com a lua e sua influência no ser humano com suas fases (nova, cheia, crescente, minguante).

Essa Hambá (Divindade) tem algumas semelhanças com o Orisá Osún dos povos Yorubá.

Nas culturas religiosas dos povos Bantu, existem Divindades com características semelhantes, mas de procedências distintas, Congolesas e Angolanas.

O nome Ndanda se origina de uma raiz (DANDÁ DA COSTA), a palavra Ndanda, do Kimbundu significa "PLANTA DA QUAL SE FAZ ESTEIRA", seriam Divindades de origem Angolana da aldeia de Lunda, porém Divindades que atuam no mesmo campo da natureza, mas que são oriundas das terras do kongo, são chamadas de NDANDALUNDA.

O termo "Danda" na língua Kikongo, significa "Banhar"........

No culto Bantu, os Minkisi pertencem a um mesmo clã familiar, porém são distintos em seus campos de atuações e ao contrário do que muitos imaginam, Ndandalunda não representa toda água doce do planeta. Existem outras Divindades distintas do mesmo clã familiar, que correspondem a essa representação da natureza.

Ndandalunda exerce fortes influências nas gestações dos animais e dos humanos, apenas na fase de gestação, pois a procriação e fertilidade pertencem ao Nkisi Lembáriangangá (Lembá).

Suas filhas geralmente são pessoas de baixa estatura e perfeitas para ocuparem o cargo denominado de KOTA RIFULA, cozinheiras das comidas sagradas (Makuria Nzambiri) das Divindades, dentro das casas de culto Bantu.

Suas aparências gentis, frágeis, escondem uma forma metódica e explosiva em seus comportamentos quando provocadas.

NDANDALUNDA ........ Atua no equilíbrio das funções endócrinas dos seres humanos.

Uma de suas saudações: KIUÁ NENGUA KUABEKO AMANZI! (Salve a grande senhora que nos concede fartura das águas sagradas!)


Filiação: Nkaia e Lembarenganga
Cores: amarelo ouro ou dourado, azul claro, rosa champagne
Símbolo: abebê (espelho em forma de leque)
Domínio: amor e prosperidade
Saudação: Mametu Maza Mazenza - Kisimbi ê (Oh, Mãe da Água Doce - Kisimbi ê)
Dia: sábado
Frutas: banana ouro, melão, laranja lima, pêssego,mamão, maçã,
Flor: flores amarelas
Comidas: omolocum (pasta de feijão fradinho, camarão, azeite de dendê e cebola).
Pedra: coral, ametista e topázio
Metal: ouro, cobre, latão e bronze
Elemento: rios e cachoeiras
Sincretismo: Nossa Senhora (diversas)



Kaitumbá, Mikaiá, Kokueto





Também um Nkise feminino, uma Nkisi amê, tem domínio sobre as águas salgadas ( " Kalunga Grande" , o mar ). Divindade das grandes águas, isto é, dos mares e oceanos, tida segundo a visão afro Bantu como o útero materno, gerador de todas as espécies, em especial da raça humana.


Exerce fortes influências sobre a fauna e flora marinhas.

Considerada uma grande mãe poderosa dos seres e de inúmeras outras divindades, governando com sabedoria e soberania o seu vasto reino de águas salgadas, onde recebe ainda nomes como Kaitumbá, Kaiá e o nobre título de MAM’ETU MAZA MA MÚNGUA, que quer dizer: Nossa mãe da água salgada.

Esse Nkisi é muito comparado, com o Orisá Iemonjá dos povos Nagô Yorubá.

Suas filhas são empreendedoras, dinâmicas, belas e inteligentes, expandindo simpatia e amor sem discriminações a ricos ou pobres.

Essa Divindade atua de forma precisa na glândula pineal dos seres humanos.

Uma de suas saudações: KIWÁ KUKUETU, MAM’ETU IA MAZA MÚNGUA, KIWÁ!

(Salve Kukuetu, nossa mãezinha das águas salgadas, salve!)


Filiação: Olorum
Cores: branco cristal ou com verde água
Símbolo: um leque em forma de peixe
Domínio: águas salgadas
Saudação: Kiuá Kokueto - Mametu Ria Amaze Kiuá (Viva Kokueto, Mãe das águas -Viva)
Dia: sábado
Frutas: uvas brancas, maçã branca,pêra, melão
Flor: todas as flores brancas
Comidas: eboiá (milho branco cozido e refogado com camarão seco e azeite de dendê ou doce), arroz doce, manjar, peixes do mar
Pedra: Cristal
Metal: Prata ou Ouro Branco
Sincretismo: N. Srª da Glória, dos Navegantes


Zumbarandá





É um Nkise feminino, uma Nkisi amê, representa o início, vez que, é a mais velha das mães. Também tem relação estrita com a morte. Vista como a mais velha das divindades femininas, sendo reverenciada como KUKU UA MUHATU (AVÓ), o que é denotado no temperamento as vezes meio rabugento de suas filhas, embora, a grandeza do coração, humildade e responsabilidade, sejam inimitáveis.


Suas filhas às vezes apresentam um ar um tanto mórbido, que disfarça sua vitalidade e força interior, que mascarando uma certa lentidão, não deixa transparecer o alto domínio na execução de suas tarefas, que são realizadas com muito esmero.

Seus cultos se direcionam para lagos e lagoas de águas salobras e para suas respectivas flora e fauna.

Guardam os segredos da longevidade e das transformações de um modo geral.

Divindade que é comparada por muitos com o Orisá Nanã dos povos Nagô Yorubá.

Esse Nkisi tem grande atuação na defesa imunológica do corpo humano.

Uma de suas saudações: KIUÁ NENGUA IXI ONOKÁ DIZANGA, ZUMBÁ! (Salve velha senhora da terra molhada das lagoas, Zumbá!)


Cores: azul marinho,roxo, branco ou Lilás
Símbolo: ibiri (cetro)
Domínio: lama, pântanos e fundo do mar
Saudação: Mametu Ixi Onoká - Zumbarandá (Mãe da Terra Molhada - Zumbarandá)
Dia: terça-feira ou sábado
Frutas: melão ou obi
Flor: manacá ou crisântemo Lilás
Comidas: moqueca, arroz de aussá, folhas de mostarda
Pedra: turmalina Rosa e ametista
Metal: latão
Elemento: terra e água (lama)
Sincretismo: Santa Ana


Wunje





É o mais novo dos Nkises. Representa a mocidade, a alegria da juventude. Durante o toque para este Nkise, a dança se transforma numa grande brincadeira. Divindade que apresenta um temperamento jovial, que traz um título de nobreza chamado de IZUJI TAMARAKÁ, que quer dizer ALEGRIA QUE VEM DO ALTO.


Sua principal função e trazer o reequilíbrio das funções vitais nos filhos após o ato de possessão de seu Nkisi/Mukisi, principalmente nos iniciados com menos de sete anos de obrigações.

Tem como seu principal elemento o AR.

Podem e devem ser iniciados com rituais de feitura na cabeça (KIMBA MUTUE) ou de confirmação (UNDU) das Makota (plural de Kota) e nos Tumbondu (plural de Kambondu), quando for o caso.

Possui forte influência sobre determinadas glândulas celebrais dos seres humanos.


Filiação: Matamba e Zaze,
Cores: todas as cores, exceto preto
Símbolo: dois bonecos iguais ou masculino e feminino
Domínio: fertilidade e fecundação
Saudação: Wunje Pafundi - Wunje ê (Wunje Feliz - Bem Vindo)
Dia: domingo
Frutas: todas as frutas doces
Flor: todas
Comidas: carurú, um pouco da comida de todos os inkices, doces e refrigerantes
Pedra: opala
Sincretismo: São Cosme e São Damião

Lembarenganga, Jakatamba, Kassuté Lembá, Gangaiobanda





Nkise da criação, ora apresenta-se como jovem guerreiro, ora como velho curvado. Está ligado a criação do mundo. Não se trata de um Nkise, mas sim do Deus Supremo, o grande criador. A grande divindade do panteão afro bantu, exprime a claridade emitida pela luz solar, estando o nascimento do sol implicitamente ligado segundo visão Bantu, a vinda desta magnífica Divindade a terra, estando a mesma relacionada ao nascedouro da inteligência (KILUNJI) humana.


Esse Nkisi é comparado por muitos com o Orisá Osalá dos povos Nagô Yorubá.

O seu campo de atuação no universo, está ligado também de forma direta, a procriação e a fertilidade.

Quando da ocasião dos recolhimentos para a realização das obrigações e rituais, suas rezas (JINGOLOSI) costumam ocorrer as 06:00 horas, hora do nascimento do sol que passa a iluminar o dia incidindo seus raios sobre o planeta.

Lembá é a divindade da claridade, da luz, o que se torna evidenciado na preferência de sua cor branca, representativa da pureza e da paz que transmite aos seus adeptos.

Senhor da grande sabedoria e dos domínios sobre as espécies, em especial, a raça humana.

Esse Nkisi atua diretamente sobre a glândula hipófise dos seres humanos.

SAUDAÇÃO: KALA EPI SAKULA UEMBU NLEMBA DILE! MPEMBELE!

(Quietos aí vem o senhor da paz! Nós te saudamos!)

Filiação: Olorum
Cores: quando jovem tem como cores o branco e o azul, ou branco e prata, quando de idade avançada, apenas o branco,
Símbolo: apaxorô
Domínio: criação
Saudação: Kalaepi Sakula Lemba Dilê - Pembele (Quietos, Ai Vem o Senhor da Paz - Eu te Saudo)
Zambi, Zambiapongo.
Dia: sexta-feira
Frutas: uva branca, pêra d'água e obi branco
Flor: todas as flores brancas
Comidas: milho branco cozido com mel, acaçás branco
Pedra: cristal
Metal: prata ou ouro Branco
Sincretismo: Jesus Cristo.

Referências:

http://tatakiretaua.webnode.com.br/


http://wic.webnode.com.br/inkices/

http://www.portaldocandomble.pro.br/angola.html

http://pt.wikipedia.org/wiki/Nkisi

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Na Angola, os sacramentos são:



1 – Massangá: Ritual de batismo de água doce (menha), na cabeça (mutue), do iniciado (ndumbi), usando-se ainda o kezu (Obi).
2 – Nkudiá Mutuè: (Bori)- ritual de colocação de forças (Kalla ou Ngunzu(Angola)= Asé(Axé) = Muki(Congo)), através do sangue (menga) de pequenos animais.
3 – Nguecè Benguè Kamutué: ritual de raspagem, vulgarmente chamado de feitura de santo.
4 – Nguecè Kamuxi Muvu: Ritual de obrigação de 1 ano.
5 – Nguecè Katàtu Muvu: Ritual de obrigação de 3 anos (Nguece = obrigação), nessa obrigação, faz-se o ritual de mudança de grau de santo.
6 – Nguecè Katuno Muvu: Ritual de obrigação de 5 anos, preparação quase que idêntica a de um ano, só que acompanhada de muitas frutas.
7 – Nguecè Kassambá Muvu: ritual de obrigação de 7 anos, quando o iniciado receberá seu cargo, passado na vista do público, sendo elevado ao grau de Tata Nkisi (Zelador) ou Mametu Nkisi (Zeladora).


As obrigações, são de praxe para os rodantes, porque Kota (ekedi) e Kambondo (ogã), ja recebem seus cargos na feitura, portanto já nascem com suas ferramentas de trabalho, dão suas obrigações para aprimorar seus conhecimentos.
Em Angola, quem passa cargo são os enredos de Dandalunda. Isto é, não é preciso ser filho de Dandalunda, mas é ela quem autoriza aquela pessoa a receber o cargo.

Após 7 anos de obrigações, se renovarão a cada ano com rito de obi ou borí, conforme o caso, repetindo-se as obrigações maiores de 7 em 7 anos para renovar e conservar o indivíduo forte, transformando-o em Kukala Ni Nguzu- Um ser forte.
Kunha Kele: Sacramento realizado 3 meses e 21 dias após a feitura ( tirada de kele), quando o santo soltará a Kuzuela = Ilá.

Referência:


domingo, 8 de agosto de 2010

OS CARGOS NA NAÇÃO DE ANGOLA



A partir da Mameto de inkice Maria Nenen e de outros Tatetos como Bernardinho e Ciri Aco, o culto banto ou Candomblé da Nação de Angola, como é chamado o culto no Brasil, teve maior destaque na comunidade afro-brasileira.

Estes negros ou bantos, como eram chamados devido a língua que falavam, seguiam a tradição religiosa de lugares como: Casanje, Munjolo, Cabinda, Luanda entre outros.

Mas, o culto banto tem sua liturgia particular e muito diferenciada das culturas yorubá e fon.

Abaixo, encontram-se desmembrados os cargos e funções em um Candomblé Banto:

Tata Ria Inkice Zelador - Pai

Mameto Ria Inkice Zeladora - Mãe

Tata Ndenge - Pai pequeno

Kixika Ingoma - Tocador

Tata Kambono - Ogan

Tatta Kivonda - Aquele que sacrifica os animais

Kinsaba - O que colhe folhas

Kikala Mukaxe - Filho de santo

Tata Utala - Herdeiro da casa

Dikota- Ekedi

Kijingu - Cargo

Tata Unganga - O que joga búzios

Zakae Npanzo - Troncos de árvores colocados nas portas dos santos

Munzenza- Iniciado

Ndunbe - Abian

Vumbi - Egun

Dizungu Kilumbe Saída de santo

Dimba Inkice Obrigações oferecidas aos Santos

Kumbi Ngoma Dias de toque

Kufumala Defumação

Dizungu Nlungu Ordem do barco***

Sukuranise Troca das águas nas quartinhas

Kota Filhos com mais de 07 anos de feitura



***Ordem do barco:


1º Kamoxi Rianga
2º Kaiai Kairi
3º Katatu Kairi
4º Kakuãna Kauanã


http://paulodeoxala.sites.uol.com.br/html/angola.htm 

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Lenda da galinha de Angola – Angola (Publicado em 07/23/2010 por contosdeadormecer)

Numa certa manhã, vinha de cabeça baixa e muito triste uma Kerere, lamentando-se «estou fraca, estou fraca, estou fraca!».
Resolveu saciar a sede num riacho. Lá deparou-se com uma linda mulher que se banhava e coquete como só ela sabia começou a pintar-se.
Kerere quando viu aquilo admirou-se: era Dandalunda, aquela que dá brilho às jóias e se banha e pinta antes mesmo de cuidar dos filhos…
Dandalunda quando percebeu a tristeza daquela ave perguntou-lhe:- Porque é essa tristeza Kerere?
Kerere respondeu-lhe:
- Entre os meus pares eu sou a mais feia!
Naquela época Kerere era toda preta…
Dandalunda então pediu para Kerer se aproximar. Ela pegou em osum e pintou o seu bico; depois com osum vermelho os brincos. Depois com waji tornou as penas azul escuro e com efum fez as pinturas brancas. E continuou a pintar Kerere. Esta ao ver a sua imagem no abebé de Dandalunda saiu correndo de tanta felicidade cantando “Kuéim, kuéim, kuéim”.
Dandalunda que ainda não tinha terminado de pintar Kerere pediu a Kakulu, divindade dos gémeos para que corresse a trás de Kerere e a trouxesse de volta pois não tinha pintado o seu peito.
Kerere lá voltou e pediu para que Dandalunda ao invés de pintar o peito lhe desse um colar.
Dandalunda fez-lhe a vontade e ofereceu-lhe um colar em forma de coroa que Kerere carrega até hoje… e entre os seus pares é a mais linda de todas…
Tempos depois Kerere voltou e tornou-se o primeiro ser que “tomou” obrigações por aquela que é capaz de modificar todos com a sua doce magia encantada.
Kerere, o primeiro ser raspado, adornado e pintado por Dandalunda… e é por este motivo que quando um Kerer é sacrificado temos que tirar este colar em forma de coroa e coloca-lo em evidência!
…. Kerere é também conhecida por Konquem, “Tô” fraco, E tu ou Galinha de Angola

Referência:

http://contosdeadormecer.wordpress.com/category/lendas/lendas-de-angola/

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Mãe do ouro

Dandalunda (Margareth Menezes - Composição: Carlinhos Brown / Refrão Extraído Do Domínio Público)



Bem pertinho da entrada do gueto

Um terreiro de Angola e Ketu
Mãe maiamba que comanda o centro
Dona Oxúm dançando Oxóssi no tempo
Lá em cima no tamarineiro
Marinha da pipoca ajoelha
Em janeiro, no dia primeiro
Desce o dono do terreiro
Coquê

Dandalunda, maimbanda, coquê (4X)

Seu zumbi é santo sim que eu sei
Caxixi, agdavi, capoeira
Casa de batuque e toque na mesa
Linda santa Iansã da pureza
Vira fogo, atraca, atraca, se chegue
Vi Nanã dentro da mata do jejê
Brasa acesa na pisada do frevo
Arrepia o corpo inteiro

Coquê dandalunda maimbanda,
Coquê

Dandalunda
Paira na beira
Dandalunda
Da cahoeira
Dandalunda
Paz e água fresca
Dandalunda
Doura dendê

Ndanda Lunda


Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.Ir para: navegação, pesquisa

Ndanda Lunda ou Dandalunda - é a Nkisi do Candomblé Bantu considerada a Senhora da fertilidade e da Lua, muito confundida com Hongolo e Kisimbi, como a Oxum do candomblé de ketu



Ndandalunda - Nda - Senhora. Ndanda - Nobríssima senhora - Princesa, rainha, Senhora de grande prestígio, cultuada na terra dos Lundas. Senhora de riquezas ligada ao ouro e aos dengos femininos, bem como à fertilidade e ao labor de parto, nascimento. Tem fortes ligações com Hongolo, devido ao movimento das águas. Não é nenhum sacrilégio identifica-la com a Ya Oxum dos Yorubá. Ndandalunda Kisimbi, Ndandalunda kia Maza. Neste caminho também está Kisimbi, como Sra das águas doces.
Ndanda Lunda exerce uma ampla influência no comportamento dos seres humanos, regendo principalmente o lado teimoso e manhoso, além daquele espírito maquiavélico que existe em todos nós. No bom sentido, Ndanda Lunda " é o veneno das palavras", é o modo piegas das pessoas, é a forma "metida", esnobe apresentada principalmente pelo sexo feminino. É o cochicho, o segredinho, a fofoca. Está encantada nas conversas, nos risinhos, nos comentários, nas intriguinhas. Rege o charme, o it, a pose; tudo que está ligado à sensualidade, sutileza, ao dengo, sendo o sexo feminino o mais influenciado. É o flerte, o carinho. É o amor puro, real, maduro, solidificado, sensível, não chegando a ser a paixão. É o amor verdadeiro; ela propicia e alimenta este sentimento nos homens, fazendo-os ser mais calmos e românticos. É o Nkisi do amor. Ndanda Lunda está muito intimamente ligada à magia, é um Nkisi ligado a feitiçaria. sabe toda a arte da magia, estando esta arte ligada ao amor.


É um Nkisi que tem muito poder, Nkisi da fertilidade, diz que quando as mulheres querem engravidar procuram Ndanda Lunda, sendo respeitadíssima como feiticeira. Como todos os outros Minkisi, existem diversos tipos de Nkisi das águas doces, de acordo com a proximidade de uma tribo ou a profundidade do rio. Ndanda Lunda pode ser maternal, jovem feiticeira ou uma guerreira.


Regente do ouro, seu metal predileto e de regência absoluta. É a protetora dos ourives. É o próprio ouro. A regência mais fascinante de Ndanda Lunda é o processo de fecundação. Na multiplicação da célula mater, Pambu Njila entrega a regência para Ndanda Lunda que vai cuidar do embrião, do feto, até o nascimento. É Ndanda Lunda que vai evitar o aborto, manter a criança viva e sadia na barriga da mãe, onde no nascimento a entrega para Kokueto, que lhe dará destino.
 
Unsaba


- oriri, quioco, oxibata, relógio do campo, capueiraba branca, milame, bem-me-quer, brilhantina, amor do campo, baronesa, colonia, bredo sem espinho, alfavaquinha, beldroega, capeba, malva branca, mal-me-que, canela de macaco, parietária, mutamba, oripepe.

Oração a Oxum

Ora ie ieu Oxum,
Salve dourada senhora
Da pele de ouro!
Benditas são suas águas,
e essas mesmas águas lavam meu ser
e me livram do mal.
Oxum, Divina Rainha, bela Orixá,
venha a mim,
caminhando na Lua Cheia.
Traga, mãe, em suas mãos,
os lírios do amor e da paz.
Torna-me doce, sedutora,
suave, como és.
Mamãe Oxum, me proteja, Orixá.
Faça que o amor seja
constante em minha vida
Que eu possa amar a
tudo o que existe.
Me proteja contra as
mandingas e feitiçarias.
Daí a mim o néctar de sua doçura
e que eu consiga o que desejo

Mãe do ouro, da beleza e do amor,
Senhora do mais puro Axé,
valei-me hoje e sempre.
Aie ieu Oxum!